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O Direito a Continuidade dos Estudos Durante o Tratamento Oncológico

Direito a Continuidade dos Estudos para Pacientes Oncologicos


Câncer e Educação: a Continuidade dos Estudos Durante Tratamento Oncológico


Receber um diagnóstico de câncer é um momento que abala todas as estruturas da vida. Entre exames, consultas e o início do tratamento, muitos pacientes, especialmente os mais jovens, se deparam com uma preocupação adicional: como continuar os estudos? A boa notícia é que a jornada educacional não precisa ser interrompida. A legislação brasileira oferece um forte amparo para garantir que o direito à educação seja preservado.

Neste artigo, vamos explicar como pacientes com câncer podem exigir a continuidade dos estudos durante o tratamento oncológico , com base em duas leis fundamentais que protegem esse direito. O conhecimento é uma ferramenta poderosa, e saber que a lei está do seu lado traz a segurança necessária para focar no que mais importa: sua saúde e seu futuro.


Como Garantir a Continuidade dos Estudos Durante Tratamento Oncológico: Guia Completo dos Seus Direitos


A continuidade dos estudos durante o tratamento oncológico não é um favor ou um benefício concedido pela instituição de ensino, mas sim um direito garantido por lei. Dois dispositivos legais são os pilares dessa proteção:


1. O Estatuto da Pessoa com Câncer (Lei n.º 14.238/2021)


Esta lei foi um marco na proteção dos direitos dos pacientes oncológicos. Em seu artigo 4º, inciso X, ela estabelece como um direito fundamental o "atendimento educacional em classe hospitalar ou em regime domiciliar, conforme o interesse do enfermo e na forma do regulamento".


O que isso significa na prática?

  • Significa que o estudante com câncer, impossibilitado de frequentar a escola ou universidade, tem o direito de receber o conteúdo e as atividades em casa ou no hospital.

  • A instituição de ensino deve prover os meios para que isso aconteça, seja por meio de professores que se deslocam até o aluno, plataformas online, ou material didático adaptado. O objetivo é evitar a defasagem escolar e garantir que o vínculo com o aprendizado não seja quebrado.


2. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei n.º 9.394/1996)


A LDB, que rege toda a educação no Brasil, também prevê essa situação. A lei foi atualizada para incluir o artigo 81-A, que assegura um regime escolar especial para estudantes em tratamento de saúde. O inciso I é claro ao garantir:

"... a possibilidade de o estudante frequentar as aulas em seu domicílio, em classe hospitalar ou em regime de exercícios domiciliares, quando se encontrar em tratamento de saúde que o impossibilite de frequentar a escola."


O que o "regime escolar especial" abrange?

  • Flexibilidade: Além das aulas domiciliares, o regime especial pode incluir a adaptação do calendário de provas, a entrega de trabalhos em prazos estendidos e a realização de avaliações em formatos alternativos.

  • Validade: Todas as atividades realizadas nesse regime têm a mesma validade que as atividades presenciais para fins de aprovação e conclusão do período letivo.


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Como Reivindicar Seu Direito na Prática: Um Passo a Passo 


Saber que o direito existe é o primeiro passo. O segundo é saber como acioná-lo. Aqui estão as orientações práticas para garantir a continuidade dos estudos:


  1. Reúna a Documentação Médica:

O documento mais importante é um laudo médico detalhado. Peça ao seu médico um relatório que contenha:

  • O diagnóstico (com o CID da doença).

  • A descrição do tratamento proposto.

  • A estimativa do período em que você estará impossibilitado de frequentar as aulas presenciais.

  • A confirmação de que, apesar da ausência física, você tem condições clínicas de realizar atividades acadêmicas em regime especial (domiciliar ou hospitalar).

  • Comunique-se com a Instituição de Ensino: Com o laudo em mãos, procure a coordenação pedagógica, a diretoria ou o setor de apoio ao estudante da sua escola ou faculdade. Agende uma reunião para apresentar a situação.

  • Faça um Requerimento Formal por Escrito: É fundamental formalizar o pedido. Elabore um documento simples solicitando a aplicação do regime de exercícios domiciliares ou atendimento especial, conforme garantido pela Lei n.º 9.394/1996 e pela Lei n.º 14.238/2021. Anexe uma cópia do laudo médico a este requerimento e peça para que a instituição assine um comprovante de recebimento.

  • Mantenha o Diálogo Aberto:  O tratamento oncológico tem fases. Alguns dias você pode estar mais disposto, outros menos. Mantenha uma comunicação constante com a instituição para ajustar o plano de estudos conforme suas necessidades. A parceria entre paciente, família e escola é a chave para o sucesso.


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E se a Instituição Negar o Direito?


Infelizmente, por desconhecimento da lei, algumas instituições podem criar obstáculos. Se isso acontecer, não desista.

  • Procure a Secretaria de Educação: elas são os órgãos fiscalizadores.

  • Busque Apoio Jurídico Especializado: Caso a via administrativa não resolva, um advogado especialista em Direito da Saúde poderá tomar as medidas judiciais cabíveis para garantir o cumprimento da lei, muitas vezes por meio de uma liminar que assegura o direito de forma imediata.


Conclusão: Educação como Aliada na Jornada


O tratamento contra o câncer exige força, resiliência e uma forte rede de apoio. Saber que seus planos de vida, como os estudos, estão protegidos por lei, traz um alívio fundamental. A educação é mais do que um direito; é uma ferramenta que mantém a mente ativa, fortalece a esperança e abre as portas para o futuro que você continua a construir.

Conheça seus direitos, exija seu cumprimento e lembre-se: você não está sozinho nessa jornada.


Aviso Legal: Este artigo tem caráter meramente informativo e não substitui a consulta a um profissional. Cada caso possui suas particularidades e deve ser analisado individualmente. Para orientação específica, consulte uma advogada especialista em Direito da Saúde.


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